Segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), um em cada três casos de câncer tem chance de cura quando descoberto no início. Consultas periódicas com um mastologista, o autoexame e a realização da mamografia de rotina são de extrema importância para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.
Mas o cenário muda, pelo menos no Brasil, quando falamos da mulher trans. A população transexual no Brasil já passa dos 750 mil e pouco se fala em políticas públicas e acesso à saúde. Engana-se quem pensa que o câncer de mama não atinge a mulher trans. A falta de acesso ao sistema de saúde faz com que o diagnóstico seja tardio e a doença seja descoberta em estágio bem avançado, o que diminui a expectativa de vida. De acordo com a Radiologista e responsável técnica pelo setor de mamografia e radiologia intervencionista da Redimama, Dra. Tereza Cristina Ferreira de Oliveira, no Brasil não há pesquisas voltadas para os casos de câncer de mama na população trans, mas é notório o aumento diante da procura e diagnósticos nos consultórios médicos. “Infelizmente o câncer acomete aquelas que fazem uso prolongado de hormônio, uso de silicone industrial, reduzindo muito a expectativa de vida dessas pessoas”, alerta.
A University Medical Center, em Amsterdã, na Holanda, realizou uma pesquisa que mostrou um dado alarmante: mulheres trans têm 47 vezes mais chances de desenvolver câncer de mama do que os homens cisgênero (que se identificam com o gênero correspondente ao que lhes foi atribuído no nascimento). O preconceito, a marginalização e a falta de um programa de governo voltado para a saúde do transexual são barreiras que dificultam a prevenção e tratamento adequado. O acesso à saúde é um direito de todos e é preciso pensar nessa parcela da população que sofre ainda mais por não ter uma assistência adequada.