Dr. Henrique Lima Couto – Doutor em Saúde da Mulher pela Faculdade de Medicina da UFMG, Presidente do Dep.de imagem da mama da SBM
As mulheres estão ocupando cada vez mais os lugares que elas querem e merecem estar, seja no ambiente corporativo, nas diversas áreas de atuação profissional ou em cargos antes ocupados exclusivamente por homens. Em casa, no âmbito familiar, com ou sem filhos, elas estão tendo cada vez mais lugar de fala e pertencimento, sem pedir licença ou permissão. Disparadamente elas são as que mais cuidam da saúde em comparação aos homens. O último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em 2020 mostrou que as mulheres brasileiras vivem em média sete anos a mais que os homens.
Em contrapartida ao que dizem as estatísticas, o número de mulheres acometidas por câncer de mama e doenças cardiovasculares está aumentando em função da sobrecarga, sedentarismo, hábitos alimentares ruins e obesidade. Assumir múltiplas funções é algo que elas fazem como ninguém, mas a realidade para aquelas que são tantas em uma só está longe de ser romantizada. A força da mulher é exaltada como se fossem inabaláveis e imunes a exaustão, frustração, sobrecarga, falta de reconhecimento e apoio. Alguns dados preocupam a comunidade médica: um levantamento feito pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo mostrou que uma mulher morre de infarto a cada 12 minutos no país. A Sociedade Brasileira de Mastologia tem alertado para o aumento preocupante dos casos de câncer de mama em mulheres com menos de 40 anos de idade. De 2020 para cá, o índice da doença em mulheres jovens saltou de 2% para 5%. Os dois exemplos estão relacionados ao sedentarismo, maus hábitos alimentares e estresse. Estes não são fatores determinantes do câncer de mama, mas contribuintes.
O alerta não é para que as mulheres deixem seus cargos ou abandonem seu trabalho. Mulheres modernas e contemporâneas, não deixem de lado os cuidados com a saúde física e mental. As pausas são importantes para reestabelecer o corpo e a alma. Adiar check-ups médicos por falta de tempo pode ser mutio prejudicial. Deixar de tomar um café com uma amiga, estar com quem lhe faz bem, apreciar a natureza ou ler um livro; é deixar de alimentar a serotonina, o hormônio da felicidade. Corpo e alma em sintonia é fundamental para o exercício de toda e qualquer atividade cotidiana, é alimento para gozar de boa vida e saúde plena.
Artigo publicado no Jornal O Tempo.
